A Importância do Magnésio (sol) e Cálcio (lua) para a Saúde Humana
O equilíbrio entre os nutrientes se faz indispensável na manutenção dos processos biológicos. O cálcio e o magnésio são elementos fundamentais ao organismo que devem ser considerados e ingeridos em quantidades adequadas a fim de impedir patologias em consequência das suas deficiências.
A ingestão adequada de cálcio está diretamente ligada à formação óssea, principalmente nas fases da infância e adolescência. O cálcio é um dos minerais mais importantes no auxilio a maximização da massa óssea, além de contribuir também para a prevenção de riscos de desenvolvimento de osteoporose e de fraturas na vida adulta e terceira idade.
Dessa forma, se as quantidades adequadas de cálcio não estiverem sendo fornecido pela dieta, o cálcio será mobilizado dos ossos para a corrente sanguínea, reduzindo assim seu conteúdo nos ossos e aumentando a fragilidade destes. Por isso, a suplementação é de vital importância (RAMALHO, 1998).
Outro mineral de extrema importância é o magnésio, o qual apresenta um papel fundamental em várias reações biológicas. Entre as suas diversas características pode-se destacar que ele é ativador de sistemas enzimáticos que controlam o metabolismo de carboidratos, lipídeos, proteínas e eletrólitos; influencia a integridade e transporte da membrana celular; regula as contrações musculares e transmissões de impulsos nervosos (RAMALHO, 1998).
Diante dessa importância convém ressaltar ainda que o magnésio é importante para o funcionamento do sistema imune, uma vez que ele é necessário para a realização de inúmeros processos metabólicos de fundamental importância par todas as células do organismo incluindo as células imunes.
Portanto, o cálcio e o magnésio são dois elementos quimicamente semelhantes, contudo são utilizados de maneiras diferentes. O primeiro funciona principalmente fora das paredes das células, já o segundo reside e funciona principalmente dentro das células. Apesar da diferença cada um funciona de forma única no organismo e ambos são necessários para manter o tônus muscular, a contração e o relaxamento adequados.
O cálcio
O cálcio (Ca) é um mineral essencial para o corpo humano, encontra-se envolvido em importantes processos metabólicos, como por exemplo, a coagulação sanguínea, excitabilidade muscular e transmissão dos impulsos nervosos, contração muscular, ativação enzimática e secreção hormonal, tendo como característica principal a mineralização de ossos e dentes.
Carvalho (1999, p. 193) afirma que:
O cálcio (Ca) é o mineral mais abundante no organismo, representando cerca de 1,5 a 2% do peso total do corpo, e está concentrado (99%) nos ossos e nos dentes. Cerca de 1% do Ca ósseo encontra-se disponível para ser mobilizado em eventuais necessidades metabólicas, especialmente em situações de maior demanda como no período de crescimento, na gravidez, na lactação e nos estados carenciais.
O cálcio nos ossos deve estar em equilíbrio com o cálcio no sangue, a regulação do cálcio plasmático é controlada por um complexo sistema fisiológico hormonal envolvendo o hormônio da glândula paratireóide (PTH), ou hormônios como o calcitriol (forma biologicamente ativa da vitamina D), e a calcitonina, agindo nos rins, ossos e intestino, diminuindo ou aumentando a entrada de cálcio no meio extracelular (WILLIAMS, 1997).
De acordo com Magnoni e Cukier (2004, p. 84):
Diversos estudos mostram que conforme as pessoas envelhecem, elas precisam de mais cálcio. Isto se deve em parte a uma eficiência menor de absorção do aparelho digestivo. Uma perda progressiva de 0.5% a 1% ao ano, e esta perda é aumentada em mulheres após a menopausa. Admiti-se que menos de 25% da população adulta apresente consumo adequado de cálcio. A maioria das mulheres recebe menos de 500mg de cálcio através da dieta, quantidade abaixo das recomendações nutricionais de 1ou 1,5g (de 1000 a 1500 miligramas), para mulheres na pré e pós menopausa. Adultos com mais de 70 anos de idade tendem a diminuir a atividade física, a ingestão alimentar e a exposição á luz solar e nestes casos para se obter a quantidade de cálcio ideal é necessária á utilização de suplementos.
Vale ressaltar que vários fatores dificultam o aproveitamento do cálcio nos alimentos, entre estes, a hipocloridria, a ingestão de gorduras em excesso, a hipovitaminose D, a ingestão excessiva de fosfatos (refrigerantes), ácido oxálico (espinafre, folhas de beterraba, chocolate, etc.), ácido fítico (casca dos cereais) e fibras. Além destes existe ainda o estresse e o envelhecimento, devido a deficiência de estrogênio próprio da menopausa.
Carvalho (2006, p. 197) enumera as seguintes funções fisiológicas do cálcio:
O quadro abaixo demonstra os fatores que afetam a absorção do cálcio:
AUMENTAM | DIMINUEM |
Necessidades (crescimento, gravidez, etc) | Deficiência de vitamina D (doenças gastrintestinais) |
Vitamina D (má absorção) | Hipocloridria |
Ingestão de lactose, vitamina A e vitamina C | Estresse |
Meio ácido (Hcl, citrato, vitamina C) | Falta de exercício |
Ingestão de PTNs e AA (lisina, glicina) | Ingestão excessiva de ác. fítico (casca de cereais); AC. Oxálico (espinafre, chocolate, etc) |
Ingestão de gorduras (moderada) PTNs e Mg | Ingestão elevada de fósforo (refrigerante) |
Exercícios físicos | Envelhecimento, menopausa |
Fonte: Carvalho (1999, p. 195).
Diante do exposto tornou-se notório que o equilíbrio fisiológico do metabolismo do cálcio é de grande importância clínica, por isso sua avaliação deve ser constante e obrigatória, especialmente em pacientes com risco de balanço negativo.
O magnésio
O magnésio é um mineral do meio intracelular, é um cátion divalente cofator para mais de 300 enzimas apresentando um papel fundamental em várias reações biológicas. É ativador de sistemas enzimáticos que controlam o metabolismo de carboidratos, lipídeos, proteínas e eletrólitos; influencia a integridade e transporte da membrana celular; mediador das contrações musculares e transmissões de impulsos nervosos e é Co-fator da fosforilação oxidativa (GRUDTNER; WEINGRILL; FERNANDES, 1997).
Sendo assim, convém ressaltar que o magnésio é indispensável à fixação de cálcio nos ossos, podendo causar ou agravar quadros de osteopenia e osteoporose no adulto e dificultar a calcificação correta dos ossos na infância e adolescência.
Oliveira e Escrivão (2003, p. 190) afirmam que o “magnésio pode atuar de duas maneiras no organismo: a primeira ligando-se ao substrato originando um complexo com o qual a enzima interage e a segunda unindo-se diretamente à enzima modificando sua estrutura com ou sem função catalítica”.
Ainda referenciando Oliveira e Escrivão (2003, p. 195), vale destacar sobre a absorção e excreção do magnésio:
Sua absorção ocorre de30 a50% na ingestão oral, na porção jejunoileal do intestino delgado. Circula ligado à albumina e é armazenado nos ossos (60 a65%), músculos (26%) e o restante em tecidos moles e líquidos corporais (6 a8%). Reabsorvido de forma ativa no néfron e passiva no túbulo proximal. Ocorre excreção urinária (1,4 mg/Kg/dia) e fecal (0,5 mg/Kg/dia). Os rins conservam o magnésio de forma eficiente, em particular quando sua ingestão está baixa. Os efeitos do magnésio podem ser mediados através de sua ação como um antagonista de cálcio ou por ser cofator de sistemas enzimáticos que envolvem o fluxo de sódio e potássio através da membrana celular. Como resultado, ocorre o relaxamento do músculo liso, a inibição da transmissão neuromuscular colinérgica e a estabilização dos mastócitos.
Contudo, não se sabe ao certo quando a administração de magnésio serve simplesmente para corrigir um estado de deficiência ou quando é utilizada a fim de obter-se um efeito farmacológico específico.
Neste contexto, a deficiência de magnésio no organismo pode estar associada a dietas com quantidades insuficientes desse mineral ou devido a outros fatores como alterações da absorção, quadros de stress, exposição a tóxicos (no caso alumínio, chumbo e níquel), deficiência de vitamina B6 ou de boro, ingestão alcoólica, tabagismo e a diversas alterações endócrinas (diabetes, doenças da tireóide e das paratireóides), portanto, a deficiência do magnésio pode levar a sérias alterações bioquímicas e sintomáticas no indivíduo.
Carvalho (1999, p. 202) destaca as seguintes funções fisiológicas do magnésio:
Ainda citando Carvalho (1999, p. 204), o autor demonstra que o magnésio é uma das substâncias mais usadas pela Medicina Ortomolecular e seus efeitos terapêuticos têm aplicação em diversas patologias:
Infarto do miocárdio – dilata as coronárias, provavelmente por relaxamento da musculatura lisa desses vasos, além de melhorar a contratilidade do miocárdio; Angina pectoris – reduz os riscos de espasmo coronariano e inibe a agregação plaquetária; Hipertensão arterial – diminui a pressão por ter efeito vasodilatador; Cardioarritmias – estabilidade do ritmo cardíaco; osteoporose – regula a liberação do paratormônio, evita as calcificações de partes moles que podem advir da terapia com altas doses de cálcio. Doenças articulares – parece ter efeito antiinflamatório; asma brônquica – relaxa musculatura da árvore tráqueo-brônquica durante os ataques de asma; Prevenção de litíase urinária – evita a formação de cálculos de oxalato de cálcio; Síndrome pré-menstrual, dismenorréia – melhora as cólicas, a irritabilidade, a fadiga, a depressão e a retenção hídrica; Insônia – pelo seu efeito relaxante; Epilepsia – vários estudos mostram as propriedades anticonvulsivantes do Mg; Câncer (prevenção) – existe relação positiva entre hipo-magnesiemia e incidência de câncer.
Já Waitzberg (2000) acrescenta outras condições patológicas onde se encontram a hipomagnesemia que são:
Acredita-se que o fornecimento de quantidades adequadas de magnésio seja importante para o funcionamento do sistema imune, uma vez que ele é necessário para a realização de inúmeros processos metabólicos de fundamental importância para todas as células do nosso organismo incluindo as células imunes.
Entre as fontes alimentares, de magnésio, destacam-se os vegetais folhosos verde-escuros e legumes, frutas (caju, banana, figo e maça), mel, cereais integrais, nozes, amendoim e leite.
Tabela 01: Recomendação Nutricional para Magnésio – DRI (Dietary Reference Intake).
FAIXA ETÁRIA | MAGNÉSIO (Mg/ dia) |
0 – 6 meses | 30 |
7 – 12 meses | 75 |
1 – 3 anos | 80 |
4 – 8 anos | 130 |
9 – 13 anos | M: 240 F: 240 |
14 – 18 anos | M:410 F: 360 |
19 – 30 anos | M:400 F:310 |
31 – 50 anos | M:420 F:320 |
51 – 70 anos | M:420 F: 320 |
>70 anos | M:420 F: 320 |
Fonte: Dietary Reference Intakes Tabe, Food and Nutrition Board,NationalAcademy of Sciences, 2002.
Percebe-se que não existem recomendações especiais para doenças específicas, porém em pacientes que apresentam uma ou mais das condições que aumentam as perdas de magnésio, recomenda-se um acompanhamento sistemático dos níveis sanguíneos, suplementando sempre que necessário.